Pela primeira vez em 40 anos, a Alemanha vê seus preços mudarem dia a dia e aderem ao costume que os brasileiros conhecem há séculos: o ato de economizar
Inflação entre os maiores patamares desde a fundação da Bundesrepublik, falta e encarecimento de energia e dos produtos em geral – que há 40 anos nunca estiveram tão caros – a economia alemã dá uma freada frenética e coloca em risco a sua hegemonia de país mais rico da Europa.
Apesar do cenário preocupante e já previsto desde o alongamento da guerra da Ucrânia, o ministro das finanças, Christian Lindner, propõe um pacote de alívio de custos para os cidadãos. Ele quer cortar os impostos em mais de dez bilhões de euros. Os beneficiários são funcionários e trabalhadores de baixa renda, pensionistas, autônomos e estudantes com empregos tributáveis de meio período. Além disso, o representante do partido FDP no governo busca oferecer abonos para as famílias por meio do incremento da ajuda para as crianças, o chamado Kindergeld.
Ainda assim o plano recebeu críticas, principalmente dos colegas do Partido Verde. Os Grüner alegam que a política prevista de aumentar o teto de impostos proposto por Lindner, não ajudará aqueles que ganham pouco, mas sim as grandes fortunas.
O fato é que o governo tenta fazer girar o Euro para que a economia volte a crescer, já que a Alemanha ficou estagnada no segundo trimestre de 2022, apesar do avanço de 0,7% do PIB europeu. Segundo o estudo da Destatis, o resultado veio abaixo do esperado pelos economistas.
Na primavera, a economia foi sustentada principalmente pelos gastos de consumo e governamentais, enquanto a balança comercial amorteceu o crescimento da economia. “As difíceis condições econômicas globais com a pandemia, cadeias de suprimentos interrompidas, preços crescentes e a guerra na Ucrânia refletiram claramente no desenvolvimento econômico”, disseram os estatísticos de Wiesbaden.
“Com a queda do índice dos agentes de compras e o clima de negócios do Ifo, há uma recessão no ar”, analisa o economista Fritzi Koehler-Geib, do Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), em um primeiro comunicado. “No trimestre passado, a produção econômica alemã saiu prejudicada porque a recuperação nos setores de serviços – que antes eram restringidos pela pandemia – compensou o declínio da produção industrial.” No entanto, esse processo de recuperação foi amplamente concluído. Em vez disso, atualmente há o risco de perda de poder de compra devido ao aumento maciço dos custos.
O que os brasileiros têm a ensinar sobre inflação e recessão?
Por aqui a nossa realidade é outra. Apesar do desemprego, inflação crônica e impostos altos, o brasileiro mantém o olhar de esperança rumo ao futuro. Há gerações já não nos apavoramos com a falta de crescimento, apesar de contarmos com bem menos ajuda do governo que os alemães.
A boa notícia é que a produção do país é sua grande força de reação. A Alemanha tem uma indústria forte, inovadora e global. Seus projetos ultrapassam fronteiras e se beneficiam da estabilidade de outras economias, ao contrário das empresas brasileiras que, pela moeda frágil e insegurança econômica, têm dificuldades de competitividade em certos setores internacionais.
A questão da energia, por exemplo, deve começar a ser solucionada em meados de 2024 – em uma previsão otimista – até lá, o cenário não será muito tranquilo. Será realmente preciso aprender a conviver com flutuação de preços e instabilidade. Um desafio para esse povo acostumado com a estabilidade. O que podemos dizer é: a palavra-chave agora para todas as famílias é economizar…vamos ver até quando!
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