Super semicondutores têm maior desempenho, alta capacidade de dados e de integração, além de serem muito mais eficazes. Como a Europa compete com EUA e China
Na corrida tecnológica dos superchips, os Estados Unidos saem na frente! A Intel anunciou recentemente que planeja lançar, já no próximo ano, uma nova geração dos superpotentes semicondutores. O novo “Sierra Forest” para data centers deve fornecer mais do que o dobro de capacidade de processamento por watt de consumo de energia. O chip terá um desempenho por watt 240% maior do que a geração atual de chips de memória.
Esse aumento de eficiência faz parte de uma iniciativa da companhia para reduzir o consumo de energia, visto que os data centers consomem enormes quantidades de energia para abastecer a internet e serviços online e, a partir de agora, o crescente uso da inteligência artificial. “Mesmo em equipamentos mais antigos, com quatro, cinco ou seis anos, será possível economizar energia, com o uso de um único chip, o que atualmente está em cinco, dez ou quinze servidores diferentes”, explica Ronak Singhal, da Intel. “Essa densidade afeta os custos operacionais. Quanto maior a densidade, menos sistemas são necessários”, complementa.
O anúncio joga um balde de água fria nas empresas de tecnologia da União Europeia e as coloca atrás dos americanos. A Intel planeja abrir uma nova fábrica de chips e a Europa, agora, busca se firmar em nichos específicos, visto que os componentes mais avançados de um computador são, em grande parte, mercado dominado pelos gigantes da Ásia e Estados Unidos.
Isso porque os europeus são muito bons em pesquisas e desenvolvimentos primários, mas quando chega a hora de fabricar, os pólos fabris se instalam na Coreia do Sul ou em Taiwan, não na Europa.
Como nenhum outro instituto europeu, o Interuniversity Micro‧electronics Centre, ou IMEC, impulsiona a pesquisa em semicondutores. Um orçamento de 700 milhões de euros por ano permite até mesmo ao diretor do IMEC operar uma fábrica própria na sede, em Lovaina, na Bélgica. “O IMEC é único no mundo”, diz van den Hove. “Trabalhamos com todos os grandes da indústria.” Van den Hove e os 4.500 especialistas do IMEC se orgulham do fato de que, em parte devido ao seu know-how, os chips mais avançados do mundo estejam sendo desenvolvidos. “A União Europeia é muito boa em pesquisa básica. Mas não conseguimos transferir esses resultados para a indústria”, afirma Christian Schuh, especialista em chips da empresa de consultoria Boston Consulting Group, sobre o dilema da indústria europeia de semicondutores.
O continente, apesar de sua pesquisa de ponta, depende das entregas do Extremo Oriente. A Europa produz menos de 10% de todos os semicondutores do mundo, mas consome 20%. Empresas como Daimler, Volkswagen e Volvo têm sentido isso há meses: da Suécia à Itália, as linhas de montagem nas fábricas de automóveis estão paradas devido à falta de chips. Isso ocorre porque a fabricação, em Taiwan por exemplo, está totalmente sobrecarregada.
A escassez de fornecimento despertou a atenção dos políticos. Com bilhões em subsídios, a União Europeia e os governos federais lançam uma corrida tecnológica como a Europa nunca viu antes. O comissário de mercado interno da UE, Thierry Breton, pretende formar alianças com a indústria europeia de semicondutores. “Precisamos elaborar planos ambiciosos, desde o design dos chips até a fabricação avançada, com o objetivo de nos diferenciarmos e liderarmos em nossas cadeias de valor mais importantes”, diz Breton.
A produção de chips é globalizada como poucas, sendo que os semicondutores são a quarta mercadoria mais negociada no mundo. A Europa já é líder em segmentos específicos, como a produção de máquinas e sensores, mas quando se trata de tecnologias mais complexas, como os processadores, que são o cérebro do computador, os europeus já não são relevantes. Para mudar esse cenário, o Ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, pretende estabelecer um programa de apoio à produção de semicondutores em conjunto com outros países da UE e a Comissão Europeia. “Estamos prontos para apoiar projetos de bilhões de euros, para que a Alemanha e a Europa se tornem mais soberanos e independentes no que diz respeito aos chips”, disse Altmaier.
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