Alemanha diz ser a pior crise de todos os tempos. Alemães tomaram cerca de 6,8 litros por pessoa em 2023, sendo o suco mais popular e também o mais caro
O Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja e, também, o maior fornecedor da Europa, com 80% de participação do mercado global. Sim, somos líderes no fornecimento da bebida cítrica, mas, desde 2005, a oferta tem diminuído gradativamente, enquanto os preços disparam.
Uma das razões é a queda na safra de laranjas na temporada 2024/2025. A quebra esperada é de 25% em relação a 2022/2023, que já tinha sido abaixo da média. Especialistas afirmam que essa é a pior safra dos últimos 36 anos. Em 2005, a produção era de mais de 900 bilhões de litros, hoje não passa de 560 bilhões.
A causa para essa baixa está na mudança climática. Há anos, o cinturão citrícola brasileiro é afetado pelo fenômeno El Niño. A combinação de altas temperaturas e a falta d´água no período de floração compromete o número de frutas no pé. A mudança do clima também deu margem para o aumento de doenças. Entre 40% e 80% das árvores estão infectadas por um mal que provoca a morte da árvore, o que vem destruindo plantações inteiras da fruta.
Esse cenário compromete a disponibilidade de suco de laranja nos mercados de commodities. O suco vem sendo negociado por um valor que chega a ser 150% mais caro que no início de 2022, ou seja, cerca de U$ 2.600 a mais por tonelada.
Além disso, o quadro não deve se modificar nos próximos anos, pois a reestruturação da citricultura brasileira requer tempo e investimentos significativos.
Inovação ao serviço do mercado
Apesar desses desafios, os fabricantes de sucos da Alemanha pretendem continuar a oferta de uma ampla gama de produtos de alta qualidade e variedade. Para isso, apostam na inovação e adaptabilidade. Diante da reestruturação sustentável da agricultura, dos aumentos significativos nos custos das matérias-primas e na logística, que não afetam apenas a indústria de sucos, é preciso saber conviver com preços mais altos nos supermercados alemães. O suco de laranja permanecerá caro e continuará provavelmente a aumentar de valor.
A adaptação passa pela reestruturação do portfólio de produtos, que deve trazer alternativas mais baratas, com, por exemplo, menor quantidade de suco de fruta, mas, em compensação, mais sustentável. Várias marcas têm investido em produções neutras em CO₂ e em certificações de rastreabilidade e qualidade.
No entanto, em adição a esse cenário, também está a mudança de comportamento do consumidor alemão, muitas vezes mais econômico que seus vizinhos europeus. O aumento do preço do suco, que não é mais possível ser encontrado nas gôndolas por menos de dois euros, tem feito os consumidores optarem por outros produtos. A popularização de hábitos saudáveis entre a população mais jovem, que tem evitado consumir produtos industrializados, também contribui para um equilíbrio de oferta e demanda. A busca por outros fornecedores também está no radar das empresas europeias.
Quer saber mais sobre crise da laranja? Leia nos links originais em alemão https://bit.ly/4c8jyeC e https://bit.ly/4c3ILGJ.