Alemanha: sem cadernos, lápis ou livros

Escolas digitalizadas já são maioria e abrem novas perspectivas de aprendizagem e desenvolvimento das próximas gerações

Em 2019 eram apenas algumas escolas alemãs que utilizavam aparelhos digitais em sala de aula. Mesmo elas se limitavam a quadros interativos e internet disponível apenas para os professores.

Hoje, cinco anos depois e em uma era pós-pandemia, mais de 90% dos alunos na Alemanha estudam com tablets, sem giz, cadernos e pouquíssimos livros físicos. A digitalização das escolas na Alemanha exigiu uma força-tarefa governamental e política. A progressão acontece de forma gradual e já dura vários anos. Afinal, quem pagaria essa mudança? As discussões entre o governo federal e os estados sobre o programa de financiamento bilionário seguiu um longo caminho até que, em maio de 2019, entrou em vigor o chamado Pacto Digital. Com 5,5 bilhões de euros à disposição, as escolas se tornaram mais digitais, recebendo conexões de banda larga e equipamentos. Durante a pandemia, o pacto foi aumentado em mais 1,5 bilhões de euros.

Todos os alunos, independente da situação financeira, adquiriram um tablet com caneta. Aqueles que não tinham condições, receberam ajuda do governo. A burocracia alemã também foi um obstáculo para a digitalização; no entanto, hoje a pesquisa feita pela Forsa mostra que 90% dos diretores de escolas já solicitaram financiamento com recursos do Pacto Digital e 78% dessas escolas já receberam o dinheiro. Apesar da disponibilidade de dinheiro, três quartos dos diretores consideram que os fundos recebidos não são suficientes para a infraestrutura necessária. Atualmente, não há uma previsão de liberação de novos recursos, mas a discussão está à mesa.

Outro desafio foi a capacitação dos professores e o bloqueio à adesão digital. Na Alemanha, muitos professores estão na faixa etária 40+, o que dificultou a adaptação ao ensino digital.

Digitalização – Prós e Contras

Conhecidos pela baixa adesão aos meios digitais e uma forte tendência a não disponibilizar dados online, os alemães aprendem – a passos largos – a formar uma nova geração mais conectada. Desde o quinto ano, as crianças aprendem a escrever com caderno e lápis virtuais, fazem pesquisas, trabalhos, exercícios no tablet e enviam tudo para a correção do professor via plataforma digital em nuvem.

O professor também utiliza um painel digital como quadro-negro e pode buscar informações e exemplos online, just in time. Mais dinâmico, conectado com as mais avançadas tecnologias e preparando para um mundo cada vez mais digitalizado, o ensino se transformou e atrai o interesse dos alunos, que se dedicam mais aos estudos e conseguem conectar a teoria de sala de aula à prática da vida diária.

Por outro lado, há quem veja dificuldades nesta forma de aprendizado. Horas em frente às telas, dificuldade de controle na navegação e utilização dos tablets e, principalmente, a falta do folhear dos livros físicos, são considerados por muitos como uma forma de empobrecimento do aprendizado e da educação da próxima geração.

A favor ou contra, o interessante é ver como o país investe em educação igualitária, acessível a todos e voltada para o futuro. Uma coisa é certa: a digitalização não tem mais volta, esse é o mundo de hoje e de amanhã. Chegar ao mercado de trabalho familiarizado com as ferramentas digitais é, sim, uma vantagem competitiva para o profissional, mas também para o país, que ganha em inovação e novas tecnologias.

Quer saber mais sobre a digitalização das escolas alemãs? Leia nos links originais em alemão https://bit.ly/452O2f7 e https://bit.ly/3KlMfIu.


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