Declarações, carta de intenções e acordos fortalecem a aliança entre brasileiros e alemães e esquentam os investimentos empresariais
O parceiro ideal. Um reset entre Brasil e Alemanha. A estrela que visita os frios. Essas são algumas das manchetes publicadas nos jornais alemães sobre a visita do presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, à Alemanha no início de dezembro.
O que estava em jogo, verdadeiramente, nesta visita era o acordo de livre comércio entre Mercosul e a União Europeia, que deve ser debatido no Conselho Europeu nos próximos meses. O acordo vem sendo negociado há 20 anos, mas sofreu idas e vindas devido aos posicionamentos de governos de ambos os blocos. Além disso, a França tem um papel fundamental nesse jogo, visto que o país prioriza a agricultura e desenvolvimento local e vem se posicionando contra acordos internacionais que envolvem o comércio de produtos primários, principalmente com o Brasil.
Durante a viagem, o presidente brasileiro afirmou na Embaixada do Brasil em Berlin que, apesar de todas as dificuldades, não desistirá de contribuir para o sucesso das negociações. “Espero que a União Europeia demonstre interesse em concluir o acordo.” Já Olaf Scholz confirmou: “Estamos nos esforçando firmemente para que o acordo seja finalizado rapidamente”.
No entanto, o primeiro encontro depois de oito anos de um certo resfriamento nas relações entre os dois países, mostrou que o caminho ainda não está livre para o acordo ser firmado. Para Scholz, o Brasil e a Alemanha apoiam a assinatura do acordo, pois existem enormes potenciais nas relações comerciais e econômicas. “É necessário finalizar as negociações agora. Há muitos argumentos a favor do aprofundamento das relações entre a União Europeia e o Mercosul. Estou convencido de que haverá uma maioria no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu. Peço a todos os envolvidos o máximo de pragmatismo e disposição para o tema.”
Cooperação e transformação industrial
O encontro entre os presidentes culminou, igualmente, em uma declaração conjunta para transformação ecológica e socialmente justa, que visa acelerar a evolução das duas economias. O ponto principal do compromisso é garantir o desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável, promover a neutralidade climática, deter a perda da biodiversidade, combater a poluição, acabar com a pobreza e erradicar a fome.
Profundamente interligada à Agenda 2030, a declaração prevê a transformação do setor industrial para a sua neutralidade em termos climáticos, mas também visa criar empregos por meio do mercado verde em uma cooperação multilateral entre brasileiros e alemães.
Além da declaração, a visita de Lula abriu caminho para a assinatura de 19 declarações conjuntas e cartas de intenções para a cooperação em áreas como meio ambiente, mudanças de clima, desenvolvimento global, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia e inovação. Os presidentes também firmaram uma declaração sobre integridade da informação e combate à desinformação.
Hoje, a Alemanha é a 3ª maior economia do mundo e maior parceira do Brasil em cooperação técnica e financeira. Além disso, a cooperação também é forte nos ramos de comércio, investimentos e, sobretudo, no setor industrial. Entre janeiro e outubro de 2023, o comércio alcançou US$ 15,98 bilhões. O país europeu foi a quarta maior origem de importações do Brasil no ano passado. Mais de mil empresas alemãs atuam no Brasil e, segundo dados do Banco Central, a Alemanha é a 8ª origem de investimentos diretos no Brasil, com US$ 23,73 bilhões em estoque.
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