Até vocês, alemães??

Greves na Alemanha: um problema para a economia e para o governo

Paralisações dos trens, que em janeiro chegaram ao recorde histórico de cinco dias parados, seguidos pelo transporte coletivo e aeroportos. Manifestações dos agricultores com seus tratores estacionados em pleno centro das cidades, além do apoio dos caminhoneiros que também estão insatisfeitos com o aumento do preço do diesel e subsequente corte dos subsídios de apoio do governo.

A prática de greve na Alemanha não é novidade, mas a intensidade vista desde o final de 2023 é inédita, bem como o impacto na economia do país. Para colocar ordem nas reinvindicações, políticos estudam um aumento do rigor no direito de greve, a fim de limitar os danos econômicos que os sindicatos individuais podem causar. Essa foi a sugestão do porta-voz do partido FDP no Bundestag, Reinhard Houben. “Greves de advertência só deveriam ser uma decisão de exceção limitada no tempo, espaço e consequências”, afirma. O líder do CDU, Friedrich Merz, também propôs mudanças na legislação. “Nosso sistema de parceria social com autonomia de negociação só funciona se todos se moderarem”, concorda.

Sindicatos ganham força

Mas será que os sindicatos alemães perderam a mão e endureceram o modo de negociar em plena crise econômica? Estariam os alemães sendo influenciados pelos seus vizinhos franceses, conhecidos pela sua `cultura de greve`? Estão realmente ruim as condições de trabalho e salário dos trabalhadores alemães?

Uma das reinvindicações dos trabalhadores está relacionada à alta carga horária e, também, à equiparação dos salários à inflação atual de cerca de 2,9%, registrada em 2023. Por parte dos empregadores, a dificuldade se encontra na escassez de profissionais capacitados. Hoje há quase 700 mil vagas em aberto no país, no primeiro trimestre do ano passado os postos não preenchidos chegaram a 1,75 milhões.  

Até pouco tempo atrás, a Alemanha era considerada uma nação orientada para o social, na qual os sindicatos tendiam ao consenso e ao compromisso e procuravam evitar a confrontação. Isso está mudando: após um longo período de estagnação, os sindicatos, tanto pequenos quanto os gigantes, ganharam novos membros. Só o Verdi, conglomerado sindical de transportes públicos, relatou 193.000 novos membros no ano passado.

Um papel crucial teria sido desempenhado pelas grandes e, na visão da Verdi, bem-sucedidas rodadas de negociações tarifárias, como na Deutsche Post, no serviço público federal e municipal. Segundo o chefe da Verdi, Frank Werneke, as reinvindicações trabalhistas agressivas feitas por esses players, aparentemente, foram bem aceitas entre os empregados e tiveram resultados positivos. Isso teria encorajado outros sindicatos a fazerem o mesmo.

Impacto direto no cotidiano da população

Os alemães deveriam se acostumar com essa nova realidade e adaptar seus deslocamentos de acordo com os avisos de paralisação?

É fato que a população sofre com as greves e se torna refém. No entanto, o impacto foi amenizado pela possibilidade de se trabalhar remotamente, o que se aplica a certos cargos.

A impressão das pessoas é de estarem testemunhando uma onda de greves particularmente severa. Isso porque os setores envolvidos influenciam diretamente na vida das famílias. Nas greves da indústria metalúrgica no passado, o número de trabalhadores que aderiam à paralisação era significativamente maior do que nos atuais conflitos – mas para a maioria das pessoas, isso quase não tinha efeito no cotidiano. Por outro lado, quando há greves na ferrovia ou no transporte público, as creches permanecem fechadas e o lixo não é coletado, aí a situação muda completamente.

No entanto, os números contradizem a impressão geral. O comparativo internacional feito pelo Instituto Europeu de Sindicatos (Etui), comprova que há relativamente poucas greves na Alemanha.

De acordo com as estatísticas, entre 2000 e 2022, as greves foram menos frequentes e por períodos mais curtos que na França, por exemplo. Até mesmo os colegas da Finlândia, Dinamarca e Noruega pararam mais que os alemães. Segundo a pesquisa, neste período, a duração das greves até diminuiu, se comparado com o longo prazo. Um movimento semelhante foi observado em outros países europeus. No entanto, fica o alerta, pois estatísticas mais recentes ainda não foram disponibilizadas.

Quer saber mais sobre as greves na Alemanha? Leia as matérias diretamente nos sites de notícias https://bit.ly/3IloUpD e https://bit.ly/48lJSim.

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