Visita dos ministros alemães de Relações Exteriores e do Trabalho ao Brasil estreita caminho para recrutamento e lança campanha internacional em prol da preservação da Amazônia
374 especialistas brasileiros. Este é o número atual de profissionais qualificados recrutados diretamente no Brasil pela Bundesagentur für Arbeit (Agência Federal de Emprego – BA). Contudo, segundo a própria agência, há espaço para aumentar o volume de candidatos para 700 se considerada a necessidade de mão de obra especializada do mercado alemão.
Com a missão de fomentar e estreitar as possibilidades de transferência de profissionais para a Alemanha, o ministro do Trabalho, Hubertus Heil, visitou o Brasil entre os dias 4 e 7 junho e realizou uma série de visitas estratégicas. No roteiro estavam a Universidade Católica de Brasília e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), uma das especialidades alvo do governo alemão.
Na visão de Heil, a necessidade de trabalhadores qualificados na Alemanha é particularmente alta em profissões como enfermagem e demais áreas da saúde, enquanto no Brasil, há um excesso de pessoal bem treinado. A taxa de desemprego nesta área chega a 10% no país. “Podemos criar uma clássica situação ganha-ganha na qual todos se beneficiam”, completa Hubertus Heil.
Acompanhado pela ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, os governantes veem boas oportunidades para impulsionar o recrutamento de pessoal de enfermagem no Brasil. “Enfermeiras brasileiras e eletricistas colombianos já são recebidos de braços abertos na Alemanha. Queremos divulgar nosso país como um local atraente e com boas condições de trabalho e de vida”, ressalta Baerbock.
Desde junho de 2022, a BA tem um convênio com a Câmara de Enfermagem do Cofen para recrutamento de especialistas. Com 2,5 milhões de membros, o órgão aplica as regras definidas no acordo para a seleção de candidatos, processos de colocação, aprendizado do idioma e reconhecimento das qualificações realizadas no Brasil.
Por enquanto, os reconhecimentos de diplomas são necessários e levam de três a oito meses para serem concluídos. No entanto, há conversas avançadas para facilitar o processo e diminuir a burocracia.
Proteção da Amazônia em pauta
A visita dos ministros alemães também incluiu a promoção de uma campanha internacional de combate ao desmatamento e desenvolvimento sustentável da região amazônica.
“Já disponibilizamos 55 milhões de euros para o Fundo Amazônia no passado. E essa viagem é uma demonstração de que estamos dispostos a investir ainda mais na região. Temos 35 milhões reservados para o fundo”, afirmou a ministra do Partido Verde. Com isso, Baerbock espera provocar outros países a também investirem na região e garantirem a preservação do chamado pulmão do mundo.
Segundo a organização de conservação da natureza WWF, cerca de 20% da Floresta Amazônica já foi destruída. Para os cientistas, o ponto de inflexão chega com 25%, ou seja, a partir daí a natureza não consegue mais se regenerar.
Questionamentos internos
Durante as negociações orçamentárias no parlamento alemão, surgiram questionamentos sobre a alta contribuição da Alemanha para o Fundo Amazônia. Hoje, o país, considerado a quarta maior economia mundial, é o segundo maior doador internacional. Para a ministra das Relações Exteriores e representante do Partido Verde, a resposta é simples: “é uma questão de segurança para nós. Se a cadeia de abastecimento de regiões como a América Latina não funcionar, outros players como os chineses ocuparão o espaço. A preocupação é que eles não estão necessariamente preocupados com questões sociais ou de padrões climáticos”, pondera.
A passagem pela região norte do Brasil contou com reuniões junto a representantes femininas de cooperativas de cacau e organizações de mulheres da ilha de Combu, próximo a Belém, capital do Pará.
Quer saber mais detalhes sobre a visita dos políticos alemães ao Brasil? Acesse as matérias em alemão nos sites https://encurtador.com.br/gqFV6 e https://encurtador.com.br/noJLR .
