Resiliência, recessão e gás vindo do Catar é o que os alemães esperam para 2023
Em decorrência dos impactos provocados pela guerra da Ucrânia e os impasses energéticos com a Rússia, que colocaram o mundo numa instabilidade econômica, a previsão da União Europeia para 2023, divulgada no final de novembro, inclui baixo crescimento e inflação alta.
“Este é um momento crucial para a União Europeia, pois temos que tratar das implicações resultantes da guerra e de um ambiente político complexo com os altos preços da energia. Por um lado o cenário alavanca a inflação e por outro exige da população sacrifícios devido ao aumento do custo de vida. Com isso, nossos negócios se tornam menos competitivos”, explica Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia.
Apesar da economia em 2022 ter tido um desempenho relativamente forte com a retomada pós-pandemia, a previsão para o próximo ano é de um avanço econômico de apenas 0,3%. O desafio da região é realizar o alinhamento das políticas fiscais e monetárias para combater a inflação e garantir o fornecimento futuro de energia.
Nesse quesito, acendeu-se uma luz. Olaf Scholz, que estava no Catar no final de novembro, assinou um acordo de fornecimento de gás natural liquefeito. A gigante energética Qatar Energy venderá o combustível para a norte-americana Conoco Phillips que, por sua vez, entregará o gás no terminal de Brunsbüttel, na região próxima do Mar do Norte, na Alemanha. As entregas, no entanto, iniciarão apenas em 2026, cobrirão apenas uma fração da demanda energética do país, cerca de 3%, e terá validade de 15 anos.
Enquanto isso: resiliência e recessão
O cenário inflacional não é exclusivo da Europa. O desafio de contenção também é dos Estados Unidos que, segundo especialistas do Deutsche Bank, já podem ter atingido o seu pico. “Por lá, é provável que a inflação caia lentamente abaixo de 6%. Já na Europa, a inflação deve diminuir gradualmente a partir da primavera e estabilizar em torno de 7,5%”, prevê Marc Schattenberg, economista do Deutsche Bank Research.
O que vem pressionando os preços para cima são os commodities, o que pode criar dificuldades sérias para algumas empresas de setores estratégicos, como o de mineração e automotivo. A esperança empresarial é que os programas de política fiscal incentivem o consumo na Europa e auxiliem para que as companhias enfrentem a desaceleração sobriamente.
Já no setor imobiliário, os preços vão continuar altos devido à demanda, mas a oferta de financiamento deve diminuir consideravelmente. Analistas da consultoria EY, em sua análise econômica lançada recentemente com o título “Previsão de Empréstimos dos Bancos Europeus” projetam que, no próximo ano, cada vez mais pessoas físicas e jurídicas não consigam honrar com os seus financiamentos. Com isso, os bancos tenderão a analisar com mais cautela os projetos financeiros para diminuir riscos de levarem calote. Além disso, as novas construções sofrerão por causa da falta de insumos e dificuldade de empréstimos.
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