Brasil, hidrogênio, inteligência artificial e tudo o que aconteceu na maior feira industrial do mundo
“O cavalo de tração do crescimento econômico” da Alemanha e da Europa. Assim o ministro da economia alemã, Robert Habeck, definiu a importância da Hannover Messe de 2024. O ministro visitou o segundo dia de feira, na última terça-feira (23), e acompanhou Terje Aasland, ministro de energia da Noruega, país parceiro dessa edição.
Em cinco dias, o maior evento mundial da indústria e tecnologia reuniu mais de 130 mil visitantes oriundos de 150 países, o que representou 40% do público vindo do estrangeiro, e quatro mil expositores, que mostraram suas inovações para digitalizar as cadeias de valor e torná-las mais eficientes, especialmente com o uso da inteligência artificial, eletrificação, automação e energia limpa.
O Brasil esteve representado, não só com um mega estande, mas com uma programação exclusiva de palestras e apresentação de cases. No dia de abertura da feira, representantes dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e da embaixada do Brasil na Alemanha, reuniram dezenas de empresários internacionais interessados em conhecer as oportunidades de investimentos no país e o movimento brasileiro para o desenvolvimento e aplicação de energias renováveis e produção CO2 neutro. O evento é um aquecimento para o 40º Encontro Econômico Brasil Alemanha, que acontecerá na cidade alemã de Wolfsburg, um dos polos da indústria automotiva do país, nos dias 23 e 24 de setembro.
Além disso, o destaque foi o início das operações da nova linha de montagem high-tech de caminhões, recém-inaugurada na subsidiária da Daimler em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. Com um investimento de 125 milhões de Euros, a Mercedes-Benz construiu uma das mais tecnológicas linhas do mundo, que utiliza cerca de 60 sistemas de transporte autônomo e sem motorista e está conectada em tempo real a todas as outras áreas de produção da marca no Brasil. Por meio de aplicativos de smartphones, os colaboradores acessam a dados relevantes, podendo, assim, programar rotas e otimizar o tempo de deslocamento dos veículos.
E tem mais, chaves de fenda eletrônicas trabalham com torques pré-programados, enquanto empilhadeiras com tecnologia de sensor de luz garantem um fluxo de material mais rápido e impressoras 3D estão disponíveis para a fabricação de novas peças a custos mais baixos.
Com isso, a Mercedes-Benz segue uma tendência global. Segundo um estudo da consultoria PwC, no ano passado, nove em cada dez empresas industriais investiram na expansão de fábricas digitais. As principais razões são os ganhos de eficiência e maior proximidade com o cliente. A nova linha de São Bernardo do Campo deve operar com uma eficiência 15% maior que as linhas antigas. A logística de peças ganhou 20% mais eficiência. Um exemplo disso é o número de armazéns de peças, que foi reduzido de 53 para 6. Os conceitos agora serão expandidos para outros processos de produção.
Outra novidade foi a BionicHydrogenBattery, ou seja, bateria biônica de hidrogênio. Ela armazena hidrogênio de forma eficiente com a ajuda de bactérias. E funciona assim: a energia do sol e do vento extrai hidrogênio da água. Este portador de energia universal, mas volátil, é convertido por bactérias em ácido fórmico, que, por ser um líquido estável, pode ser armazenado e transportado facilmente. Finalmente, uma célula de combustível converte hidrogênio e oxigênio em água, liberando energia limpa no processo. Incrível, né! Foi assim a Hannover Messe de 2024. Para quem deseja participar da próxima edição, o evento acontecerá de 31 de março a 04 de abril de 2025.
