País registra uma economia estagnada, aumento de desempregados, volta do controle de fronteiras e infraestrutura defasada
As tensões no Oriente Médio e as consequências contínuas da guerra da Ucrânia, somadas à falta de um planejamento robusto de riscos e a uma crise interna com o persistente aumento do custo de energia, enfraquecimento da indústria e a retração do consumo das famílias, configuram-se como um cenário complexo, que provocou a estagnação da Alemanha neste ano.
Segundo a “Gemeinschaftsdiagnose”, haverá uma recuperação econômica gradual para 2025 e 2026, embora de forma lenta, não passando dos níveis de 0,9% e 1,5%, respectivamente. A combinação de desaceleração da demanda, pressão da concorrência chinesa e adaptação estrutural, como a transição para a energia verde, está pressionando a competitividade das indústrias alemãs. Para 2024, o prognóstico aponta para a estagnação e os investimentos industriais sofrerão um declínio. A recuperação será sustentada principalmente pelo consumo privado e apoio em setores de serviços, enquanto a indústria de transformação permanece vulnerável às flutuações do mercado global. Ou seja, a retomada dependerá de medidas internas.
Os baixos investimentos privados são provavelmente uma consequência do fechamento de negócios, paralisação de produções e relocalizações, bem como da elevada incerteza econômica e política. Essa estagnação da produtividade está acompanhada por mudanças na criação de empregos, passando do setor industrial para o setor de serviços, o que também ocorreu em decorrência das mudanças demográficas. O alto número de imigrantes vindos de países em guerra registrado nos últimos anos sobrecarrega o sistema de auxílio ao refugiado, drenando o dinheiro público. O governo então decidiu voltar com o controle de fronteiras, o primeiro desde a criação da União Europeia. A medida visa estancar a entrada de refugiados no país.
As dificuldades provocaram uma visível consequência: a crise automotiva, em que a protagonista é uma empresa ícone da Alemanha, a Volkswagen. A gigante global enfrenta uma das piores crises da sua história, com previsões financeiras revisadas para baixo, cortes significativos de empregos, – cerca de 10 mil postos de trabalho –, diminuição de 10% dos salários, fechamento de três unidades e, no terceiro trimestre de 2024, queda de 64% do lucro depois dos impostos. Entre as justificativas para o baixo desempenho estão a concorrência chinesa, que chegou ao país com modelos de automóveis altamente inovadores. Os carros feitos na China não são os preferidos apenas dos alemães, mas também por outros mercados e pelos próprios chineses, o que provocou uma queda na demanda pelos veículos alemães.
A empresa está mergulhada em manifestações e negociações com as associações dos trabalhadores e o governo. A Volkswagen diminuiu suas expectativas de receita e lucro para 2024, alertando que medidas drásticas de reestruturação são necessárias para manter a competitividade. Em resposta, o ministro da economia da Saxônia, Martin Dulig, expressou alarme sobre os potenciais fechamentos, destacando o apoio do estado aos trabalhadores e a necessidade de incentivos para a compra de veículos elétricos como uma possível solução.
Essa é apenas uma das dificuldades do país, sendo um sinal das pressões econômicas mais amplas na Alemanha, com implicações para a política econômica do país. Acesse as matérias completas em alemão nos links https://bit.ly/3AmchKo, https://bit.ly/3YLeit5, https://bit.ly/3C8yv3a.